A evolução do gosto
Na salsa, como na vida, começamos por gostar das salsas que todos gostam, aquelas que mais facilmente ficam no ouvido. Com o passar do tempo, a nossa relação com a salsa começa a crescer; começamos a gostar de mais tipos de salsa, procuramos conhecer mais compositores, já identificamos alguns estilos de salsa e preferimos uns em detrimento de outros.
Mais tarde, embrenhamo-nos a fundo na salsa - salsa dura, latin jazz, timba, procuramos conhecer todas as ramificações da salsa acabando por procurar a fundo as áreas que mais nos tocam. Despertamos para todos os instrumentos que soam, conseguindo desfrutar cada um deles descobrindo assim sons maravilhosos onde antes ouvíamos uma salsa estranha, densa e sem ritmo.
Pouco a pouco, descobrimos a árvore da salsa, com todas as suas influências afro e jazz, toda a riqueza de um ritmo tão vasto e diversificado. Sentimo-nos envolvidos na sua ramagem e queremos comungar das suas raízes. Ao descobri-la, amamo-la.
Este crescendo de vivência da salsa permite-nos tirar muito mais partido da dança; sentimos a música de forma diferente, deixamos que a sonoridade guie os nossos passos, que a percussão interprete os nossos movimentos que o ritmo da salsa controle a batida do coração.
Tal como o amor evolui, cresce, transforma-se e envolve, também a salsa o faz.
Começamos por nos apaixonar pela ponta do dedo e acabamos por amar o todo.