segunda-feira, janeiro 22, 2007

Transe

Os nossos corpos unem-se.

Procuramos o equilíbrio entre ambos que nos permite flutuar como um só. O meu espaço envolve o teu e o teu envolve o meu. A música entra em nós; eu começo a mover-me, mas o meu movimento inicia-se em ti. Momento após momento, a ligação entre os nossos corpos cresce e tudo desaparece à nossa volta. Só fica a música e esta energia que nos guia. As músicas sucedem-se e o toque do teu peito no meu ajusta-se num equilíbrio perfeito… Entra-se numa fase de transe. Tu abandonas-te à condução e eu abandono-me a ti. Somos um pequeno ponto nesta imensidão que nos rodeia, flutuando ao longo das linhas de energia que nos guiam o movimento e o pensamento. Neste transe, tudo sai perfeito, nada sai de nós.

Quando os nossos corpos são levados a parar, retomo a consciência da respiração e da minha presença.

Agradeço-te… “Obrigado, até à próxima dança”

sexta-feira, janeiro 05, 2007

O poder na salsa

O poder na salsa está detido num palácio… O palácio da salsa é um labirinto de salas ligadas umas às outras. Não tem janelas e não se vê nenhuma porta.

A tua primeira tarefa é descobrir como entrar. Quando resolveres este problema, quando entrares como um suplicante na primeira antecâmara da salsa, vais encontrar um homem com cabeça de chacal que tentará expulsar-te da salsa. Se conseguires lá ficar, tentará devorar-te. Se lhe conseguires fugir, entrarás numa segunda sala, desta vez guardada por um homem com cabeça de cão raivoso, na sala a seguir encontrarás um homem com cabeça de urso esfaimado e assim sucessivamente. Na penúltima sala, está um homem com cabeça de raposa. Esse homem não te impedirá de passares à última sala, onde se encontra a verdadeira salsa. Em vez disso, tentará convencer-te que já estás nessa sala e que essa salsa é ele. Se conseguires vencer a manha do homem raposa e avançares, chegas à sala da salsa. A sala da salsa é modesta e lá dentro estará A Salsa que te encarará em silêncio. Tem um ar pequeno, insignificante, tímido; agora que vencestes todas as suas defesas, terá de satisfazer os teus desejos. A regra é essa.

Mas, quando saíres, o homem raposa, o homem urso, o homem cão e o homem chacal já lá não estarão. Em vez deles, verás as salas cheias de monstros alados semi-humanos. Fazem voos picados e tentam arrancar-te o teu tesouro. Cada um arranca um pedacinho. Quanta salsa vais conseguir trazer para fora do palácio? Debates-te, escondes o tesouro com o teu corpo. Eles cravam-te nas costas as suas garras azuis e brancas, brilhantes. E quando lhes conseguires escapar e já estiveres cá fora, encadeado pela luz do dia e agarrado ao que resta do tesouro despedaçado da tua salsa, terás de convencer a multidão céptica, essa multidão invejosa e impotente, que trouxeste contigo tudo o que querias. Se não o conseguires fazer, ficarás para sempre um falhado.


Adaptado de um conto de Sun Tzu

terça-feira, janeiro 02, 2007

Nas entranhas

O som da salsa acompanha-me em todos os instantes.
Soa forte junto ao meu ouvido quando estou feliz
Soa suave e seguro se estou triste
Soa se estiver atento
Soa mais forte se estiver desatento.
Acompanha o ritmo da minha vida
E vivo de acordo com o seu ritmo.
Salsa, cujo som se entranha em mim
Percorre o corpo e sangra de desejo
Transpira-me e envolve-me
Com o teu som em todos os instantes.

Na salsa, como na vida…