quinta-feira, outubro 07, 2004

O tacto e o contacto

Por meio do tacto com o ambiente, experimento os limites do meu organismo, vivencio a minha forma corporal exterior, o que me permite a identificação comigo mesmo. Além disso, o tacto fornece informações essenciais sobre o mundo que nos rodeia – formas, temperatura, consistência – sobre as numerosas sensações provenientes do exterior – pressão, choque, golpes – e sobre a comunicação não-verbal, como por exemplo sensações de ternura, dor, indiferença ou agressão.

Enquanto através do tacto permanecemos na periferia da pele, pelo contacto ultrapassamos conscientemente o limite visível do nosso corpo. Através do contacto incluímos na nossa consciência o campo magnético perceptível e electricamente mensurável do espaço que nos rodeia. É assim que podemos ter um contacto real com os seres humanos, os animais, as plantas e os objectos através da sua “fronteira” exterior, mesmo quando não os tocamos directamente. Ampliando desse modo as nossas possibilidades de experiência, podemos atingir uma relação mais viva com os seres e as coisas.

Esse contacto consciente tem, sobre as mudanças no tônus, na circulação e no metabolismo, uma influência mais forte do que o tacto. O contacto com o parceiro de dança (por exemplo), com as suas mãos, leva a uma harmonização das tensões emocionais.

Esta situação é facilitada pela existência da música; sendo difícil criar um equilíbrio de contacto entre duas pessoas, esta surge como uma ponte entre os dois. A música torna-se num elemento favorável ao contacto. Sentindo o mesmo ritmo, a mesma percussão, as tensões emocionais de ambos tendem a equilibrar-se, abrindo as portas para uma exploração sensorial do seu próprio corpo bem como do espaço que o rodeia.

A dança pode ser uma experiência enriquecedora; basta para isso estar alerta.